
O atelier do Passo é o porto de partida deste projeto. No centro histórico de Salvador, perto da Igreja do Carmo, no térreo de um casarão colonial, Eckenberger instalou seu ateliê na década de 80 e nele permaneceu por quase 40 anos. Ele, junto ao seu companheiro Emílio, moravam no andar de cima do mesmo imóvel, de frente para a baía de todos os santos, envolvidos na atmosfera barroca tão presente nessa região da cidade.
Dentro do ateliê, encontramos o espaço de produção e criação do artista, com tudo que tem direito: referências, materiais, instrumentos, livros, processos inacabados e uma infinidade de cacarecos. Tudo bastante empoeirado, é verdade, mas a sensação era de que havia sido pausado no tempo e a qualquer momento poderia ganhar vida. Organizamos pouco a pouco, no esforço de manter o jeito Eckenberger de ordenar o seu espaço criativo, ainda que saibamos o quanto de nós ficou nas paredes, mesas e armários desse ateliê. Fomos convidadas a nos misturar e criar junto com o artista: folheando os álbuns de fotografia e os seus raríssimos livros, muitas vezes recheados de comentários, entendemos que inventariar, em certa medida, é também inventar - histórias, graus de parentescos, hábitos e rotinas, gostos musicais e etc.
Assim, após dois meses de ocupação, encerramos o primeiro ciclo do projeto acreditando que as portas, uma vez abertas, devem se manter abertas: o ateliê de Eckenberger é um espaço potente de memória e criação, possui um forno de cerâmica e uma mapoteca, um quintal com vista para o mar e terra fértil, muitos materiais para consulta e pesquisa, enfim, são muitos atrativos e possibilidades que reforçam a importância deste espaço para o bairro e para a cidade.

















